Habilidades visuoespaciais e matemáticas em crianças com queixas de dificuldade de aprendizagem

Visuoespacialidade, matemática, dificuldades de aprendizagem

Autores/as

  • Angela Cristina Pontes Fernandes Universidade Paulista – UNIP
  • Eduardo Henrique Moriel Marli Aparecida Capetti Moriel
  • Patrícia Aparecida Zuanetti Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
  • Ana Paula Andrade Hamad Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo

Palabras clave:

habilidades visuoespaciais, matemática, criança, dificuldades de aprendizagem, avaliação neuropsicológica

Resumen

Habilidades visuoespaciais envolvem a representação e manipulação mental de informações não-linguísticas. Por meio delas é possível interpretar tamanho, forma, posição e movimento de objetos, sendo também importantes preditores do desempenho acadêmico em Matemática. Entretanto, estudos brasileiros recentes sobre a associação entre habilidades visuoespaciais e matemáticas são escassos. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a relação entre visuoespacialidade e o nível de habilidades matemáticas em crianças com queixa de dificuldade de aprendizagem. Foram selecionados 53 prontuários de crianças com idades entre 6 e 11 anos, acompanhadas por uma equipe multiprofissional de um hospital terciário e que passaram por avaliação neuropsicológica. A amostra foi dividida em dois grupos de acordo com o desempenho na Prova de Aritmética, instrumento que avalia conhecimentos matemáticos. O grupo 1 (G1) foi composto por 16 crianças com déficits em Matemática (classificação abaixo da média), enquanto o grupo 2 (G2) foi formado por 37 crianças com desempenho adequado. Por meio do teste Mann Whitney, correlação de Spearman e teste Z para duas proporções, executados no programa STATA (versão 10), tais grupos foram comparados em termos de funções visuoespaciais, avaliadas pelo teste Figuras Complexas de Rey, considerando a classificação por escore-Z. Verificou-se diferença estatisticamente significativa entre os grupos, sendo que os piores desempenhos na tarefa visuoespacial ocorreram no grupo com dificuldades em Matemática. Tal resultado reforça a associação entre visuoespacialidade e habilidades matemáticas e pode contribuir para os processos de avaliação neuropsicológica no que tange a esclarecimentos diagnósticos e elaboração de planos terapêuticos. 

Citas

Ackerman, P. L. (1992). Predicting individual differences in complex skill acquisition: dynamics of ability determinants. Journal of Applied Psychology, 77(55), 598-614. https://doi.org/10.1037/0021-9010.77.5.598

American Psychiatric Association (APA) (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed.

Anastasi, A., & Urbina, S. (2000). Testagem Psicológica. Artmed.

Bilder, R. M. (2011). Neuropsychology 3.0: evidence-based science and practice. Journal of the International Neuropsychological Society, 17(1), 1-11. https://dx.doi.org/10.1017%2FS1355617710001396

Brasil. Ministério da Educação. (2007). Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília, DF. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/ensifund9anobasefinal.pdf.

Brasil. Ministério da Educação. (2017). Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base: Ensino Infantil e Ensino Fundamental. Brasília, DF. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.

Buckley, J., Seery, N., & Canty, D. (2018). A heuristic framework of spatialability: a review and synthesis of spatial factor literature to support its translation into STEM education. Education Psychology Review, 30, 947–972. https://doi.org/10.1007/s10648-018-9432-z

Candiota, C. F., Schroeder, S. C., & Menegotto, T. (2018) Do corpo à simbolização: construindo a Matemática. Em: Rotta, N. T., Bridi-Filho, C. A., & Bridi, F. R. S. (Eds). Plasticidade Cerebral e Aprendizagem – Abordagem Multidisciplinar (pp. 131-148). Artmed.

Corso, L. V., & Meggiato, A. O. (2019). Quem são os alunos encaminhados para acompanhamento de dificuldades de aprendizagem? Revista Psicopedagogia, 36(109), 57-72. http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/587/quem-sao-os-alunos-encaminhados-para-acompanhamento-de-dificuldades-de-aprendizagem-

De Bruin, N., Bryant, D. C., Maclean, J. N., & Gonzalez, C. L. R. (2016). Assessing visuospatial abilities in healthy aging: a novel visuomotor task. Frontiers in Aging Neuroscience, 8(7), 1-9. https://doi.org/10.3389/fnagi.2016.00007

Dehaene, S. (1992). Varieties of numerical abilities. Cognition, 44(1-2), 1-42. https://doi.org/10.1016/0010-0277(92)90049-N

DeStefano, D., & LeFevre, J. A. (2004). The role of working memory in mental arithmetic. European Journal of Cognitive Psychology, 16(3), 353-386. https://doi.org/10.1080/09541440244000328

Fuchs, L. S., Compton, D. L., Fuchs, D., Paulsen, K., Bryant, J. D., & Hamlett, C. L. (2005). The prevention, identification and cognitive determinants of math difficulties. Journal of Educational Psychology, 97(3), 493-513. https://doi.org/10.1037/0022-0663.97.3.493

Geary, D. C (2011). Consequences, characteristics, and causes of mathematical learning disabilities and persistent low achievement in mathematics. Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics, 32(3), 250-263. https://doi.org/10.1097%2FDBP.0b013e318209edef

Geer, E. A., Quinn, J. M., & Ganley, C. M. (2019). Relations between spatial skills and math performance in elementary school children: a longitudinal investigation. Developmental Psychology, 55(3), 637–652. https://doi.org/10.1037/dev0000649

Gilligan, K. A., Flouri, E., & Farran, E. K. (2017). The contribution of spatial ability to mathematics achievement in middle childhood. Journal of Experimental Child Psychology, 163, 107–125. https://doi.org/10.1016/j.jecp.2017.04.016

Gounden, Y., Hainselin, M., Cerrotti, F., & Quaglino, V. (2017). Dynamic and functional approach to human memory in the brain: a clinical neuropsychological perspective. Frontiers in Psychology, 8(688), 1-5. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2017.00688

Halpern, D. F., Benbow, C. G., Geary, R. C., Gur, S., Hyde, J. S., & Gernsbacher, M. A. (2007). The science of sex differences in science and mathematics. Psychological Science in the Public Interest, 8(1), 1–51. https://dx.doi.org/10.1111%2Fj.1529-1006.2007.00032.x

Hamdan, A. C., Pereira, A. P. A., & Riechi, T. I. J. S. (2011). Avaliação e reabilitação neuropsicológica: desenvolvimento histórico e perspectivas atuais. Interação em Psicologia, 15(n. especial), 47-58. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i0.25373

Harvey, P. D. (2012). Clinical applications of neuropsychological assessment. Dialogues in Clinical Neuroscience, 14(1), 91-99. https://dx.doi.org/10.31887%2FDCNS.2012.14.1%2Fpharvey

Hazin, I., & Falcão, J. T. R. (2015). Habilidades visoespaciais e desempenho em Matemática: entre o déficit e o talento. Caminhos da Educação Matemática em Revista/Online, 4(2), 29-43. https://periodicos.ifs.edu.br/periodicos/caminhos_da_educacao_matematica/article/view/71/69

Hindal, 2014. Visual-spatial learning: a characteristic of gifted students. European Scientific Journal, 10(13), 557-574. https://core.ac.uk/download/236412891.pdf

Holmes, J., Adams, J. W., & Hamilton, C. J. (2008). The relationship between visuospatial sketchpad capacity and children's mathematical skills. European Journal of Cognitive Psychology, 20(2), 272–289. https://doi.org/10.1080/09541440701612702

Kravitz, D. J., Saleem, K. S., Baker, C. I., & Mishkin, M. (2011). A new neural framework for visuospatial processing. Nature Reviews. Neuroscience, 12(4), 217-230. https://doi.org/10.1038/nrn3008

Lopes-Silva, J. B., Moura, R., Júlio-Costa, A., Haase, V. G., & Wood, G. (2014) Phonemic awareness as a pathway to number transcoding. Frontiers in Psychology, 5(13), 1-9. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2014.00013

Mervis, C. B., Robinson, B. F., & Pani, J. R. (1999). Visuospatial construction. American Journal of Human Genetics, 65(5), 1222–1229. https://dx.doi.org/10.1086%2F302633

Miotto, E. C., & Navatta, A. C. R. (2018). Raciocínio clínico quantitativo e qualitativo. Em: Miotto, E. C., Campanholo, K. R., Serrao, V. T., & Trevisan, B. T. (Eds). Manual de avaliação neuropsicológica: a prática da testagem cognitiva. Vol. 1 – instrumentos de avaliação neuropsicológica de aplicação multidisciplinar (pp. 36-42). Memnon.

Miranda, M. C (2006). Avaliação neuropsicológica quantitativa e qualitativa: ultrapassando os limites da psicometria. Em: Mello, C. B., Miranda, M. C., & Muszkat, M. (Eds). Neuropsicologia do desenvolvimento Conceitos e abordagens (pp. 127-143). Memnon.

Miranda, A., & Gil-llario, M (2001). Las dificultades de aprendizaje en las matemáticas: concepto, manifestaciones y procedimientos de manejo. Revista de Neurologia Clínica, 2(1), 55-71. https://www.revneurol.com/RNC/b010055.pdf

Moura, R., Wood, G., Pinheiro-Chagas, P., Lonnemann, J., Krinzinger, H., Willmes, K., & Haase, V. G. (2013). Transcoding abilities in typical and atypical mathematics achievers: The role of working memory and procedural and lexical competencies. Journal of Experimental Child Psychology, 116(3), 707-727. https://doi.org/10.1016/j.jecp.2013.07.008

Myers, P. S. (2001). Toward a definition of RHD syndrome. Aphasiology. 15(10/11), 913-918. https://doi.org/10.1080/02687040143000285

Ohlweiler, L (2016). Introdução aos Transtornos da Aprendizagem. Em: Rotta, N. T., Ohlweiler, L., & Riesgo, R. S. (Eds). Transtornos da Aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar (pp. 107-111). Artmed.

Oliveira, M. F., Negreiros, J. G. M., & Neves, A. C. (2015). Condicionantes da aprendizagem da matemática: uma revisão sistêmica da literatura. Educação e Pesquisa, 41(4), 1023-1037. https://doi.org/10.1590/s1517-97022015051533

Oliveira, M. S., & Rigoni, M. S. (2010). Figuras Complexas de Rey: teste de cópia e de reprodução de memória de figuras geométricas complexas. Casa do Psicólogo.

Oostermeijer, M., Boonen, A., & Jolles, J. (2014). The relation between children’s constructive play activities, spatial ability, and mathematical word problem-solving performance: a mediation analysis in sixth-grade students. Frontiers in Psychology, 5, 1-9. http://dx.doi.org/10.3389/fpsyg.2014.00782

Raad, A. J., Pimentel, C. E., & Almeida, T. O. (2008). Avaliação neuropsicológica da Aritmética em crianças. Psicologia em Foco, 1(1), 1-13. https://www.researchgate.net/publication/278675775_Avaliacao_Neuropsicologica_da_Aritmetica_em_Criancas

Rodrigues, S. D., & Ciasca, S. M. (2020). Tradução e adaptação para o português (brasileiro) da bateria de aferição de competências matemáticas (bac-mat). Revista Psicopedagogia, 37(113), 168-182. http://dx.doi.org/10.5935/0103-8486.20200012.

Rourke, B. P., & Conway, J. A. (1997). Disabilities of arithmetic and mathematical reasoning: perspectives from neurology and neuropsychology. Journal of Learning Disabilities, 30(1), 34–46. https://doi.org/10.1177/002221949703000103

Seabra, A. G., Montiel, J. M., & Capovilla, F. C. (2013). Prova de Aritmética. Em: Seabra, A. G., Dias, N. M., & Capovilla, F. C. (Eds). Avaliação Neuropsicológica Cognitiva: Leitura, Escrita e Aritmética (pp. 121-152). Memnon.

Shin, M., & Bryant, D. P. (2015). A synthesis of mathematical and cognitive performances of students with mathematics learning disabilities. Journal of Learning Disabilities, 48(1), 96–112. https://doi.org/10.1177/0022219413508324

Soylu, F., & Newman, S. D. (2020). Towards an understanding of the relationship between spatial processing ability and numerical and mathematical cognition. Frontiers in Psychology, 11(14), 1-2. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.00014

Strauss, E., Sherman, E. M. S., & Spreen, O. (2006). A compendium of neuropsychological tests: administration, norms, and commentary. Oxford University Press.

Voyer D, & Saunders, K. A. (2004). Gender differences on the mental rotations test: a factor analysis. Acta Psychologica, 117(1), 79–94. https://doi.org/10.1016/j.actpsy.2004.05.003

Archivos adicionales

Publicado

2023-08-30

Cómo citar

Cristina Pontes Fernandes, A., Henrique Moriel, E., Aparecida Zuanetti, P., & Andrade Hamad, A. P. . (2023). Habilidades visuoespaciais e matemáticas em crianças com queixas de dificuldade de aprendizagem: Visuoespacialidade, matemática, dificuldades de aprendizagem . Neuropsicología Latinoamericana, 15(2), 35–41. Recuperado a partir de https://neuropsicolatina.org/index.php/Neuropsicologia_Latinoamericana/article/view/779

Número

Sección

Artículos / Articles / Artigos

Artículos similares

También puede {advancedSearchLink} para este artículo.