Atuação do neuropsicólogo no contexto hospitalar e a repercussão de suas práticas para a equipe
Neuropsicologia hospitalar e interprofissionalidade
Palabras clave:
neuropsicologia, neurocirurgia, ambiente hospitalar, interprofissionalidade, fenomenologiaResumen
A neuropsicologia aplicada em contexto hospitalar, especialidade emergente da Psicologia tem se mostrado extremamente relevante em estudos recentes, uma vez que as possibilidades de atuação permeiam desde fases iniciais de tratamentos cirúrgicos, a partir de avaliações cognitivas funcionais, até etapas posteriores, chegando ao processo de reabilitação neuropsicológica. Apesar disso, carece de dados mais detalhados sobre as particularidades dessa atuação junto a equipe interprofissional. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi descrever a percepção de neuropsicólogos e profissionais da saúde que atuam em equipes hospitalares sobre a neuropsicologia hospitalar. Trata-se de um estudo exploratório de abordagem qualitativa, conforme os critérios de análise da fenomenologia semiótica. Participaram 21 profissionais de hospitais da região sudeste do Brasil (nove neuropsicólogos e 12 profissionais de especialidades diversas da área da saúde) que responderam a uma entrevista semiestruturada por videoconferência. Os resultados revelaram nove diferentes temas: “A entrada no contexto hospitalar”, “Desconhecimento da área versus Valorização”, “Atribuições da área da neuropsicologia no hospital”, “Entraves financeiros”, “Processos formativos”, “Divergência de funções”, Relevância versus Custos”, “Interação entre profissionais de diferentes especialidades” e “Conhecimento sobre as atribuições do neuropsicólogo”. A discussão dos resultados pontua o desconhecimento, por parte dos profissionais da saúde, das possibilidades de contribuição da neuropsicologia hospitalar como um limitador para a inserção de profissionais nesse campo, assim como uma fragilidade na interprofissionalidade, evidenciada pela comunicação deficitária entre os membros das equipes. Conclui-se que tais achados expõem a necessidade de se repensar os processos formativos em saúde e no campo da psicologia, além de indicar a necessidade de que novos estudos explorem campos da neuropsicologia que vão além do tradicional contexto clínico.
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